Em memória de

Isabela Vellardi

02/08/2020
20/11/2023

Isabela, minha estrelinha… a mamãe nunca vai esquecer de você. Nunca.

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Isabela Vellardi

Meu nome é Mariana, e hoje eu decidi escrever sobre a minha filha, Isabela Vellardi. Talvez esse nome não signifique nada pra quem está lendo agora, mas pra mim... é tudo. Isabela nasceu num dia de chuva leve, no comecinho de agosto. Era uma terça-feira, e o céu tava cinza, mas quando colocaram ela nos meus braços, foi como se o sol tivesse nascido só pra mim.

Aquele cheirinho de bebê, o chorinho fraco, os olhinhos fechados... era perfeita. Tão pequena e tão forte. Com o passar dos meses, a gente começou a perceber que ela se cansava fácil. Chorava pouco, dormia muito, e às vezes ficava com a boquinha meio roxa. No começo, os médicos diziam que era normal, que alguns bebês eram assim mesmo. Mas no fundo, meu coração de mãe sabia que tinha algo errado. Depois de muitas idas e vindas no hospital, veio o diagnóstico: um problema grave no coração.

Eu não entendia direito os nomes difíceis que os médicos falavam, só sabia que minha filha estava doente e que isso não era justo. Ela era só um bebê. Isabela passou por cirurgias, ficou internada muitas vezes. E mesmo assim, ela sorria. Um sorriso doce, com aqueles dois dentinhos de baixo aparecendo. Quando ela ria, o mundo parava. Mesmo com os aparelhos, os fios, os remédios... ela achava um jeito de brincar. Um jeitinho só dela. Ela adorava ouvir minha voz cantando baixinho no ouvido dela. E sempre que eu fazia isso, ela pegava meu dedo e segurava com força. Ela foi uma guerreira. Lutou por três anos com uma coragem que eu nunca vi em ninguém. Teve dias que eu achei que não ia aguentar. Mas ela me ensinava, todos os dias, a ter força. Me ensinava com o olhar, com o jeito que se agarrava a mim, como se dissesse: “Tô aqui, mamãe”. No dia em que ela partiu, o céu tava azul, como ela gostava. Eu segurei ela nos meus braços até o último suspiro. E nesse momento, senti uma paz estranha, como se ela tivesse dizendo que tava tudo bem.

Que a dor tinha acabado. Que o coraçãozinho dela, cansado de tanto lutar, finalmente podia descansar. Faz alguns meses que ela se foi. E todos os dias eu acordo e falo o nome dela em voz alta. Isabela Vellardi. Porque enquanto eu falar, ela vive. Nos meus pensamentos, no cheiro do travesseiro dela, nas roupinhas que ainda não consegui guardar. Ela vive em mim. E sempre vai viver. Se você chegou até aqui, obrigada por ler.

Falar da Isabela me dói, mas também me cura. Porque nenhuma mãe devia enterrar um filho... mas se isso acontecer, que ao menos o mundo saiba o quanto ele foi amado. Isabela, minha estrelinha… a mamãe nunca vai esquecer de você. Nunca.

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